O Basler Fasnacht é o maior evento de carnaval da Suíça. Ele ocorre anualmente entre fevereiro e março, na cidade de Basel e tem início na segunda-feira após a quarta-feira de cinzas, às 4 da manhã, com o Morgestraich.
O carnaval tem início com um ritual conhecido como Morgestraich, uma tradição que ocorre desde 1835, quando todas as luzes da cidade se apagam, enquanto grupos desfilam pelas ruas com lanternas e tocando seus instrumentos.
História do Morgestraich
Em 1804, o carnaval teve início com um alto show de bateria. Porém, a bateria na cidade era proibida antes das 6 da manhã, então esse acabou sendo um evento único.
A tradição de hoje do Morgestraich começou em 1833, com o Morgestraich ilegal de Samuel Bell. Durante a década de 1830, o carnaval teve inúmeras restrições e o carnaval de rua se tornou proibido.
Apesar disso, Bell reuniu cerca de 150 seguidores, que se tornaram conhecidos como Bells Spiessgesellen, e realizou o Morgestraich, atravessando a cidade com tambores e tochas. A polícia e as autoridades foram impotentes e tiveram o cuidado de não usar violência contra os que comemoravam.
Em 1835, ocorreu o Morgestraich oficial, tendo início às 4 da manhã e sendo preservado até hoje. Apenas as tochas foram banidas em 1845, pelo perigo de causar algum incêndio, e substituídas pelas lanternas.
Passar o carnaval fora do Brasil é uma experiência muito diferente e acredito que esse tenha sido o mais diferente e interessante que eu já tenha participado.
No dia anterior, verifiquei os horários dos trens de Rheinfelden para Basel, e durante a madrugada só saiam trens do lado suíço da cidade. Pegando o trem das 02h45, eu chegaria em Basel às 03h11. Com bastante tempo de antecedência, tendo em vista que eu não tinha a menor ideia de para onde ir quando chegasse lá.
O trem estava lotado, mas por sorte consegui um lugar para sentar e ainda pude tirar um cochilo depois das minha 3 horas e meia de sono.
Quando cheguei, a estação estava mais lotada ainda, nunca havia visto tão cheia. Chegavam pessoas a todo o momento de todas as plataformas. Loucura!
Algo que achei muito interessante foram as Plaketten, broches que todo ano são produzidos para serem vendidos antes e durante o carnaval, a fim de financiar parte da festa. Eles foram introduzidos em 1911 e existem nas cores bronze, prata e ouro, cada um com um valor diferenciado. Costumam ser deixados visíveis nas roupas dos espectadores, para mostrarem que colaboraram com o evento.
Já estavam vendendo os broches dentro da estação e então aproveitei para comprar o meu antes de seguir para fora da estação.
Às 4 horas em ponto, após as 4 badaladas do sino da igreja, todo o interior da cidade se apagou, e mergulhados na escuridão, pudemos ouvir as primeiras notas das gaitas e tambores que vinham surgindo, acompanhados de grupos com seus trajes e máscaras tradicionais, carregando enormes lanternas que ilustravam suas críticas.
A cada momento aparecia uma nova banda, vindo de uma direção diferente, fazendo com que as pessoas se reorganizassem e encontrassem um novo lugar para ficar.
As bandas que passam pelas ruas do centro da cidade se chamam Clique, e são os próprios integrantes que confeccionam tudo, desde as máscaras, até os carros alegóricos. Eles também são responsáveis pela escolha do tema, que geralmente se tratam de críticas políticas, econômicas ou sociais ao governo, ou algum acontecimento mundial de maneira cômica ou crítica.
Eram diversas bandas que vinham uma em seguida da outra e iam andando pelo centro da cidade, e se eu não tivesse que trabalhar, provavelmente teria ficado por um bom tempo.
Após o desfile, alguns restaurantes identificados oferecem a tradicional sopa do carnaval, Mehlsuppe e vinho quente para aquecer as pessoas.
Ficou com curioso? A página oficial da cidade postou um curto vídeo no Facebook sobre o carnaval de 2018. Clique aqui para conferir.
Próximas datas:
2018: 19 de fevereiro
2019: 11 de março
2020: 02 de março
Mais informações nos sites:
www.fasnacht.ch
www.gugge.ch
www.fasnachts-comite.ch
Para finalizar, seguem 3 pontos que devem ser lembrados:
- Diferente do nosso carnaval, lá é frio! Às vezes até mesmo com temperaturas negativas. Se agasalhe bem e aproveite!
- A música não é dançável. Você vai ficar parado em algum lugar da rota prevista, assim como todos que estiverem lá, assistindo o “desfile” passando por você.
- A diferença mais marcante para outros carnavais – principalmente o nosso – é a estrita separação entre os participantes e os espectadores.