Tallinn, a viagem dos sonhos.
Meus bisavós maternos eram estonianos e a partir do momento que passei a me interessar pela história, tive uma enorme vontade de conhecer o país.
A ideia inicial era viajar sozinha e conhecer tudo, mas as coisas aconteceram muito melhor que o esperado. Tive a chance de conhecer meus familiares, fiquei hospedada na casa deles e de quebra ainda tive um guia local que me levou para conhecer muita coisa.
Na época eu não falava inglês, mas para minha sorte, a prima que me hospedou morou com a família na Alemanha e na Áustria, então todos falavam alemão.
Quando cheguei, fui recepcionada com um kit de Tallinn, com um cartão de transporte, um guia da cidade em português, um mapa, folhetos e um dicionário de frases português/estoniano junto de um CD.
No meu tour por Tallinn, fui acompanhada por duas primas e o avô delas. Em estoniano ele explicava e contava a história dos locais em que estávamos, e Helena, sua neta mais velha, traduzia para mim.
História
Além de ser a capital, Tallinn é a maior cidade da Estônia e possui uma população de aproximadamente 450 mil habitantes. Seu nome é a abreviatura do nome Taani Linnus, que significa Castelo Dinamarquês.
Fundada em 1050, foi apenas em 1219, com a chegada dos dinamarqueses, que foi marcado o início da história de Tallinn como cidade.
Durante sua história foram dominados pelos dinamarqueses, alemães, suecos e por fim os russos. E a Estônia foi um dos primeiros países a declarar independência da URSS, em 1991.
Tallinn é reconhecida pelo seu rico patrimônio cultural, e seu centro histórico medieval, que é um dos mais bem preservados da Europa e em 1997 se tornou Patrimônio Mundial da Unesco.
Como chegar
Pelo ar:
O aeroporto internacional da cidade, Aeroporto Lennart Meri Tallinn, está localizado a apenas 4 km do centro da cidade, e para se chegar até lá, existem as seguintes opções:
O ônibus número 2 faz o trajeto do aeroporto até o centro da cidade a cada 20 minutos aproximadamente, e funciona entre 6h30 e meia noite. O bilhete custa em torno de 2 € e pode ser comprado diretamente com o condutor. A parada central é a Laikmaa, entre o hotel Tallink e o centro comercial Viru Center.
O tram número 4 também custa em torno de 2 € e seu horário de funcionamento é entre 5h30 e 00h45, tendo a parada Viru como mais central.
Por fim, o táxi também pode ser utilizado para se chegar até o centro. Sua tarifa saindo do aeroporto fica entre 5 € e 10 €.
Pelo mar:
Os navios partem de Helsinki e todos os dias levam milhares de viajantes para o porto de Tallinn.
Ferries fazem o percurso entre Tallinn e Helsinki em aproximadamente 2 ou 3 horas, várias vezes por dia. Ferries entre Tallinn e Estocolmo saem todas as noites e a viagem dura aproximadamente 15 horas.
Tallinn se tornou o terceiro destino de cruzeiros mais movimentado na região do Mar Báltico.
Para se chegar ao centro da cidade, é necessário pegar o ônibus número 2. Ele liga o terminal A do porto ao centro da cidade e aeroporto. Partem aproximadamente a cada 30 minutos, entre 7 e 00h, custando em torno de 2 €. Se optar por utilizar o táxi, o valor passa a custar entre 5 € a 10 €.
De ônibus:
Existem duas linhas internacionais de ônibus de várias cidades europeias até Tallinn, são elas: Lux Express e Ecolines.
Informações sobre linhas de ônibus domésticos podem ser encontrados aqui. Eles chegam e partem através da Tallinna Bussijaam, Estação Rodoviária Central de Tallinn.
Para chegar ao centro da cidade a partir da rodoviária, pode-se pegar os ônibus 17 ou 23.
De carro:
É possível chegar até Tallinn através das rodovias que ligam até a Letônia e a Rússia, e através das balsas para automóveis saindo de Helsinki e Estocolmo.
De trem:
Existem trens diariamente a partir de Moscou. As informações podem ser conferidas a partir do site da Go Rail. A Balti jaam, estação ferroviária, está situada próximo da Cidade Velha e do porto e leva apenas 10 minutos de caminhada.
Transporte
Assim como em muitas cidades da Europa, Tallinn tem um cartão para transporte que também oferece descontos em diversas atrações, o Tallinn Card. Acabei não utilizando, porque ganhei o equivalente ao bilhete único deles (foto abaixo), mas dependendo do que você pretender fazer na cidade, pode ser válido. Muitos dos lugares que visitei ofereciam entrada gratuita com o Tallinn Card. Dá uma conferida no site deles para ver se vale a pena ou não compra-lo.
O que fazer em Tallinn?
Cidade Baixa:
Conhecida como Vanalinn é onde está localizado o centro histórico.
Raekoja plats
É a principal praça da cidade, onde está localizada a prefeitura. Cercada de restaurantes e bares, é o local mais vibrante de Tallinn. A cidade antiga desenvolveu-se ao redor dela e foi onde surgiram os primeiros mercados – hoje continua sendo o ponto de encontro da cidade. Durante o verão, recebe concertos ao ar livre, feiras de artesanato e mercados medievais.
Rodeada de edifícios medievais, também abriga uma das mais antigas farmácias da Europa, fundada em 1422. Hoje funciona como uma farmácia normal, mas ainda vende elixires e medicinas medievais.
O prédio da prefeitura é um dos ícones da cidade, foi construído entre 1371 e 1404 em estilo gótico. Os que estiverem dispostos a subir seus 115 degraus, poderão ter uma bela visão de toda a cidade.
Dica: no meio da praça existe uma rosa dos ventos desenhada. Se você se posicionar sobre ela, poderá ver o topo de 5 torres da cidade velha.
Muralhas
Portão de Viru:
É a principal entrada de Vanalinn, a cidade antiga. O local é também o início da rua Viru, a rua de pedestres mais movimentada de Tallinn. Ela se inicia no portão e segue quase até a praça principal e está repleta de restaurantes, bares, cafés e lojas.
Torre Margaret Gorda:
Tem esse nome, pois é a torre mais larga de todas, com paredes que medem 4 metros. Torre que no passado já serviu como prisão, atualmente abriga o Museu Marítimo da Estônia e é a porta de entrada dos turistas que desembarcam em Tallinn, vindo de cruzeiros.
Köismäe Tower:
Construída nos anos 1360, possui 26,5 metros de altura que são distribuídos em seus 5 andares. A torre ainda muito bem preservada que pode ser visitada apenas através de tour guiados com agendamento antecipado, oferece em seu quinto andar uma vista deslumbrante da Cidade Velha.
Hellemann Tower:
Torre com 3 andares do século XIV permite o passeio pelo topo da muralha de 200 metros e também possui uma galeria de arte em seu interior.
Igreja de São Nicolau:
Fundada por mercadores alemães, a igreja foi construída durante o século XIII. Após ser castigada por bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial, passou por uma grande reforma durante a década de 1980 e reabriu em forma de museu especializado em arte religiosa. Hoje, abriga uma das sedes do Museu de Artes da Estônia e aos final de semana recebe concertos musicais.
Igreja de Santo Olavo:
Construída no ano de 1267, em homenagem ao norueguês rei Olavo e medindo 150 metros, foi a construção mais alta do mundo até 1625, quando foi atingida diversas vezes por raios que a incendiou por 3 vezes. Hoje, sua torre é a mais modesta e se mantém há 5 séculos com 124 metros de altura.
Passagem de Santa Catarina:
A Passagem de Santa Catarina ou Katariina Kaik, como é chamada em estoniano, é um corredor medieval com paredes de pedras, teto arredondado e lápides do século XIV nas paredes.
O antigo corredor fica escondido atrás da antiga Igreja de Santa Catarina liga as ruas Vene e Müürivahe e te levará em uma viagem ao tempo.
Pátio dos Mestres:
É um pátio na rua Vene, próximo da Passagem de Santa Catarina e da Praça da Prefeitura. O local é tranquilo e remonta o século XIII. A ideia surgiu em 1993, quando foi fundada uma organização sem fins lucrativos com o objetivo de restaurar e reconstruir a área.
Artesãos preservam tradições e técnicas históricas artesanais. No espaço existem diversas lojas, oficinas, acomodações e restaurantes. Todas essas informações podem ser conferidas aqui.
Praça da Liberdade:
Em estoniano, Vabaduse väljak. Tem esse nome em homenagem à independência da Estônia. Local de grande orgulho aos estonianos, a praça abriga o Monumento à Guerra da Independência, que comemora a luta da Estônia entre 1918 e 1920.
Em 1936, uma lei foi aprovada para que um monumento nacional em comemoração à guerra fosse construído, mas os trabalhos acabaram sendo interrompidos entre a Segunda Guerra Mundial e a Ocupação Soviética. A ideia foi levantada novamente após a Estônia recuperar sua independência em 1991.
Com 23,5 metros de altura, a Coluna da Vitória (Vabadussõja võidusammas), homenagem aos heróis e vítimas – foram 4 mil mortos e 14 mil feridos – da Guerra de Independência da Estônia foi inaugurada em 23 de junho de 2009.
Toompea
O Monte Toompea está localizado 50 metros acima do nível do mar e durante toda a história da Estônia, Toompea passou por muitas mãos. Até a chegada dos dinamarqueses era um forte de madeira, depois, fizeram um novo forte de pedras, com uma muralha com aproximadamente 2,5 km de extensão e 46 torres de defesa.
O Castelo de Toompea:
O castelo original dinamarquês não existe mais. Atualmente o prédio possui diferentes estilos arquitetônicos – do medieval ao barroco. O prédio de fachada rosa, uma das atrações mais imponentes da cidade é onde está localizado o parlamento estoniano.
Reconstruído durante o reinado de Catarina, a Grande, no século XVIII e reformado diversas vezes ao longo dos séculos, o castelo ainda conserva seu projeto básico do século XIII, quando foi construído no lugar de uma antiga fortificação de madeira.
Ele é lindo visto de frente, porém muito mais bonito visto de fora de Toompea, isso porque em sua lateral ainda é possível ver partes do antigo palácio medieval.
Torre Grande Hermann:
A torre Grande Hermann é a mais famosa das quatro torres localizadas nos cantos do Castelo. A torre de vigia foi construída no final do século XIV, possui 48 metros de altura e é um símbolo não apenas da cidade, mas de toda a Estônia. Toda manhã, a bandeira estoniana é erguida sobre ela ao som do hino nacional.
Catedral de Alexander Nevsky:
É uma catedral ortodoxa construída baseada no antigo modelo arquitetônico russo entre 1894 e 1900, período em que a Estônia fez parte do Império Russo.
Construída propositalmente de frente para o prédio do parlamento e considerada pelos estonianos um monumento à dominação russa, após a conquista da independência estoniana pela primeira vez, em 1918, sua demolição foi planejada para 1924 – fato que não ocorreu devido à falta de recursos para um trabalho tão grande.
Quando em 1991 a Estônia mais uma vez se tornou livre da União Soviética, perceberam que a igreja tinha mais a acrescentar, então preferiram restaurá-la e em 1997 foi declarado patrimônio da humanidade pela UNESCO.
Apesar se ser linda e muito bem trabalhada, a catedral ortodoxa russa não agrada muito os estonianos, pois ela os lembra da dominação russa, período de sua história que preferiam não ter vivido.
Jardim do Rei Dinamarquês:
Segundo a lenda, foi o local onde em 1219 serviu de acampamento para os dinamarqueses antes de conquistarem Toompea. Foi também onde caiu do céu a bandeira que mudou o curso da batalha e fez com que vencessem a batalha.
Durante a invasão, enquanto batalhavam contra os estonianos, pediram à Deus a vitória dos dinamarqueses. Foi quando em um momento crucial, enquanto os estonianos estavam se saindo melhor, caiu do céu a bandeira vermelha com uma cruz branca que foi considerada um sinal divino pelos guerreiros escandinavos e fez com que vencessem a batalha.
A partir desse momento, em forma de bandeira nacional, se tornou o símbolo oficial da Dinamarca. Os estonianos, que também viram a bandeira cair, passaram a utilizar sua imagem nas armas da cidade.
Catedral Toomkirik:
Além de ser a principal igreja de Tallinn, a Catedral de Santa Maria é a mais antiga da Estônia. O único edifício que sobreviveu durante o grande incêndio em Toompea no século XVII, quando ainda era de madeira. Construída depois da invasão dinamarquesa em 1219, se tornou luterana a partir de 1561 e pertence hoje à Igreja Evangélica Luterana da Estônia.
Seu interior também vale a visita, suas paredes estão repletas de brasões de armas. E para quem estiver buscando uma vista panorâmica da cidade, a igreja possui um campanário em estilo barroco com 69 metros de altura que pode ser visitado.