Uma viagem no tempo em Cracóvia

Cracóvia é uma das mais antigas cidades da Polônia. Localiza-se ao sul do país, às margens do rio Vístula. A cidade tem cerca de 850 mil habitante e foi por quase 600 anos a capital da Polônia. Foi a menos atingida pelos bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial, então muitos de seus prédios ainda são originais e podem nos levar em uma viagem ao tempo.

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Moeda

Apesar de ser um país da União Européia, a Polônia não utiliza o Euro. A moeda do país é o Zloty. Seu nome significa “dourado”, sua abreviação é PLN e seu plural é zlote ou zlotych.

Eu não fazia a menor ideia, só descobri quando comecei a programar a viagem. Não pesquisei sobre opções de casas de câmbio, optei por trocar no aeroporto assim que cheguei. A conversão nos dias de hoje é de 1€ para aproximadamente 4,20PLN.

Pela facilidade, eu aconselho a fazer o câmbio no próprio aeroporto, e de preferência já comprar alguma coisa para ter dinheiro trocado. Eu estava apenas com notas altas e tive dificuldade na hora de comprar meu ticket de transporte na máquina.

Como chegar?

O aeroporto de Cracóvia está localizado em Balice, 11 km a oeste da cidade. Existem duas opções de transporte público para chegar ao centro da cidade: ônibus e trem. O percurso de trem é mais rápido, mas custa 4x mais que o ônibus, então acabei indo de ônibus mesmo.

O trem Balice Ekspres faz em 20 minutos o trajeto entre o aeroporto e a estação de trem Kraków Główny, ele funciona todos os dias entre 5:00 e 22:30 horas. Para quem preferir ir de ônibus, o trajeto até a estação Kraków Główny dura entre 30 e 40 minutos. As linhas que funcionam durante o dia são as 208 e 292, e durante a noite a 902.

Depois de trocar o dinheiro, peguei um mapa da cidade e me informei o local em que eu deveria pegar o ônibus para o centro de Cracóvia. Meu primeiro problema surgiu quando fui comprar o ticket. Eu já estava acostumada com as máquinas, e também entre as opções de idiomas para fazer a compra estavam o alemão e o espanhol, mas na hora de pagar, a máquina cuspiu meu dinheiro e eu estava sem trocado. Por sorte chegou um grupo e a pessoa que foi comprar os tickets falava alemão. Depois de acompanhar minhas tentativas falhas disse que pagaria meu ticket no cartão dele junto com os que ele ia comprar.

O ônibus me levou até a estação principal de trem, e como meu hostel ficava a apenas 10 minutos de lá, decidi ir a pé mesmo. Pedi informação para uma dupla de policiais de me indicaram o lado que eu deveria seguir e depois acabei usando o Google Maps para chegar até ele. Ter internet no celular é uma mão na roda nas viagens. O GPS eu só usei para chegar até o hostel, depois me virei com o mapa mesmo.

Onde ficar?

Me hospedei no Benedict Hostel e amei, super recomendo! Achei ele super barato e tem uma ótima localização, está no centro da cidade, a 2 minutos a pé da Praça do Mercado. Eles têm recepção 24 horas, café da manhã incluso, e oferecem quartos compartilhados de 6 e 9 camas e quartos privativos para até 3 pessoas.

São poucos quartos e por mais que no site eles falem sobre chave para os quartos, quando eu fui não tinha, mas fica literalmente cada um na sua e tem um armário com chave para cada um guardar suas coisas. O quarto que eu fiquei foi o de 9 camas e eu achei o máximo, porque eram 3 treliches e eu nunca tinha visto isso antes.

O que fazer?

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Praça do Mercado

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A Rynek Glówny é a maior e mais bonita praça de Cracóvia. Foi construída em 1257 e com 40.000 m² é também uma das maiores praças medievais da Europa. Ela tem formato quadrado e cada um de seus lados mede mais de 200 metros. Suas principais atrações são:

Loja de Tecidos

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Está no ponto central da praça e é um dos pontos de interesse mais conhecidos e característicos de Cracóvia. Foi fundado no século XIII e é o centro comercial, onde são vendidos produtos típicos e souvenirs.

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Torre da antiga Câmara Municipal

A torre de 70 metros de altura é uma construção do século XIV. Possui planta quadrada, estilo gótico e sua base é de tijolo e pedra.

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Nela foi aberta uma filial do Museu Histórico da cidade de Cracóvia, onde estão objetos relacionados com a história da cidade. E no seu subterrâneo, onde antigamente funcionava a prisão municipal, a sala de torturas e uma cervejaria, hoje há uma filial do teatro Teatr Ludowy  e uma cafeteria. E do topo da torre é possível apreciar a vista panorâmica da cidade velha.

Monumento ao poeta Adam Mickiewicz

A estátua do mais famoso poeta polaco da época romântica, localizada de frente para a saída da rua Sienna, é chamada pelos cracovianos de Adás.

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O monumento foi desenhado por Tadeusz Rygier e inaugurado em 1989, no centenário do nascimento do poeta. Acabou destruído destruído durante a Segunda Guerra Mundial, e foi reconstruído em 1955, no centenário da morte do escritor.

Basílica de Santa Maria

A primeira igreja paroquial na praça principal foi fundada entre os anos 1221 e 1222 pelo bispo Iwo Odrowa, mas foi destruída durante uma invasão. Entre 1290 e 1300, uma nova igreja foi construída sobre as bases anteriores. Depois disso ela passou por uma série de obras até se tornar o que é hoje.

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Sua fachada possui duas torres diferentes. A mais alta mede 82 metros e foi construída em forma de um octógono. Seu topo foi decorado com um remate gótico e antigamente funcionava como torre de vigia, era lá que ao amanhecer e ao entardecer, um trompetista tocava o hejnal (um dos mais antigos símbolos de Cracóvia) para informar o horário de abertura e encerramento das portas da cidade, e também avisar sobre incêndios ou ataques inimigos. 

Hoje, o hejnal é tocado a cada hora cheia e sua melodia acaba bruscamente antes de chegar ao fim, em homenagem à morte de um trompetista que morreu ao ser atingido por uma flecha Tártara. No verão é possível subir até o topo da torre e visitar o posto do trompetista. 

A torre mais baixa mede 69 metros e é o campanário da igreja composta por um conjunto de 5 sinos.

Igreja de São Adalberto

Ela é considerada a mais antiga entre as igrejas de Cracóvia. Situa-se na esquina da Praça do Mercado com a rua Grodzka.

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A igreja original, em madeira, foi erguida no final do século X e início do século XI, onde segundo a lenda, São Adalberto pregava seus sermões. No início do século XII foi construída com blocos de pedra e por fim nos séculos XVII e XVIII a igreja foi remodelada e redecorada em estilo barroco, obtendo seu aspecto atual.

Igreja de Santa Bárbara

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Foi construída entre 1338 e 1402 e inicialmente era utilizada como capela funerária, pois durante séculos existiu um cemitério na praça. Seu aspecto atual, com elementos barrocos e a construção de tijolos ocorreu durante sua remodelação realizada no século XVII. No telhado da igreja tem uma torre pequena que desempenha o papel de campanário.

Basílica de Santa Trindade

É conhecida como Igreja dos Dominicanos e situa-se na rua Stolarska, número 12. Foi um presente do bisco Iwo Odrowaz aos dominicanos levados para Cracóvia em 1221.

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Em 1241, depois da invasão Tártara, os dominicanos começaram a construir sua nova igreja gótica. No início ela tinha a tradicional forma de igreja, mas no final do século XIV e início do XV, ela foi transformada em basílica. 

Muralha Defensiva

Começou a ser construída no final do século XIII por iniciativa do príncipe Leszek Czarny. O sistema foi remodelado várias vezes com o passar do tempo, para no início do século XIV assumir a forma de muralha dupla, com 3 metros de espessura, reforçada com 39 torres, 8 portais e um foço com largura entre 6 e 10 metros e 3,5 metros de profundidade.

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Quando a muralha deixou de ser utilizada como tal, caiu em ruínas e acabou sendo derrubada no início do século XIX por autoridades austríacas  que naquela época governavam Cracóvia. Sobraram apenas alguns pequenos fragmentos descritos abaixo.

Barbacã

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É o maior e mais antigo objeto de arquitetura defensiva deste tipo na Europa. Foi construído entre os anos 1498 e 1499, na época do reinado de Jan Olbracht. Está localizado entre a rua Basztowa e o Portão de São Floriano. Sua construção de tijolos, possui 7 torres de vigilância e também dois portões, uma voltada para o bairro Kleparz e outro ao lado do Portão de São Floriano.

Portão de São Floriano

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É o único dos 8 portões da muralha medieval ainda conservado. É também um dos monumentos cracovianos mais famosos e mais fotografados. Foi construído em pedra no início do século XIV e posteriormente, no final do século XV foi elevada com tijolos.

Basílica dos Santos Pedro e Paulo

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Construído entre 1597 e 1619, foi o primeiro prédio barroco em Cracóvia. A basílica foi inspirada nas igrejas romanas e tem a forma da cruz latina. Na igreja devido à excelente acústica do local, ocorrem concertos frequentemente.

Igreja de Santo Andrés

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É uma das mais antigas igrejas de Cracóvia e uma das mais belas igrejas românicas da Polônia. Sua construção ocorreu entre os anos 1079 e 1098. Por suas características românicas sobreviveu à invasão Tártara em 1241. 

Wawel

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Wawel é um dos complexos arquitetônicos mais valiosos do mundo, é composto pela Catedral de Wawel, o Palácio Real e suas fortificações.

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Minha amiga polonesa tinha dito que a visita ao castelo era demorada, então acabei nem fazendo, pois cheguei por volta das 18 horas e fecharia logo, então eu não teria muito tempo. Fiquei do alto algum tempo parada observando a vista da cidade e do Rio Vístula antes de descer para o meu próximo destino.

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A Gruta do Dragão é provavelmente a gruta mais conhecida da Polônia, diz a lenda que antigamente vivia nela um verdadeiro dragão de Wawel. Ao sair da gruta, no boulevard do Vístula, ao pé das fortificações de Wawel, está a estátua do dragão de cospe fogo. Como ainda estava um pouco claro, me sentei em um banco próximo ao dragão e esperei escurecer. Foi quando consegui tirar uma foto bacana com o dragão e o fogo.

Kazimierz

O bairro Kazimierz foi fundado pelo rei Kazimierz em 1335, no terreno de uma antiga aldeia. Em 1495, o rei Jan Olbracht decidiu criar na parte leste do bairro uma cidade judaica autônoma, concentrada ao redor da rua Szeroka. A partir desse momento, apesar da divisão pela muralha, duas culturas passaram a conviver na cidade: a cristã e a judaica. 

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Na zona judaica, foram construídas diversas sinagogas, escolas, casas e cemitérios, sendo muitos deles conservados até hoje. Kazimierz se tornou um centro muito importante da cultura judaica na Polônia, e onde se concentra a maior comunidade de Judeus na Europa. Foi tomada a decisão de ligar o bairro à cidade e em 1822 a muralha foi derrubada, o que possibilitou a expansão da comunidade judaica na cidade.

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Com a ocupação dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, o bairro foi devastado e os judeus foram parar no gueto criado no bairro Podgórze, na outra margem do rio Vístula. De lá, alguns foram deportados para os campos de concentração e outros foram assassinados. 

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Após a guerra, o bairro foi descuidado e abandonado, manteve-se em ruínas, tornando-se sombrio e perigoso. Há anos que ocorrem obras de recuperação e o bairro tem chamado a atenção de turistas, graças ao filme A Lista de Schindler, filmado no local e também pelo Festival da Cultura Judaica que ocorre todos os anos.

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Minha experiência nessa região não fui das melhores. Para chegar até lá coloquei a localização da Sinagoga Velha no GPS, porque era mais distante e eu não fazia a menor ideia de como chegar. Foi o único lugar que eu realmente consegui ver por lá. Quanto mais eu adentrava o bairro, mais os ares e a aparência foram mudando. A região não era tão ruim, tinham paredes e prédios acabados, e estava bastante vazia, mas eu já havia visto coisa pior. Só que comecei a não me sentir muito confortável por lá, não sei se era a energia que estava muito pesada, mas a sensação começou a piorar, então achei melhor ir embora.

Sinagoga Velha

Sua localização é na rua Szeroka, número 24. É a mais velha sinagoga do país e um dos mais preciosos monumentos da arquitetura europeia. Foi erguida no final do século XV por judeus checos e foi inspiradas nas sinagogas góticas de Ratyzbona, Wormacja e Praga.

Durante a Segunda Guerra Mundial foi transformada em armazém e devastada, mas após a guerra foi restaurada e designada à coleção judaica do Museu Histórico da Cidade de Cracóvia.

O que comer em Cracóvia?

Nas minha viagens eu procuro economizar com comida, então acabo comprando coisas no mercado e comendo em lugares baratos. Nessa viagem eu fiz questão de entrar em um restaurante para conhecer a comida local, e no final das contas achei bem em conta. Em uma das noites comprei uma panqueca com molho goulash na rua e me sentei na praça para comer, na outra, jantei no  restaurante Gruzińskie Chaczapuri da rua Grodzka.

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Achei a comida deliciosa e a garçonete que me atendeu foi bastante simpática, se esforçou para falar em alemão comigo e a gente poder se comunicar. Comi Kotlet Schabowy, costela de porco com fatias de batata frita e chucrute, tomei um refrigerante e gastei 27,00 PLN, que considerando o valor da moeda hoje foi em torno de 7,50€.

E você, já visitou Cracóvia? Se respondeu sim, o que achou de lá? Esqueci de falar alguma coisa? Se respondeu não, tem vontade?

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